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Tradição em Nova Voz: a inovação dá nova vida ao patrimônio cultural

(Foto: Reprodução/ Heze)

Às margens do Rio Amarelo, no sudoeste de Shandong, na cidade de Juancheng, relíquias culturais milenares ganham nova vida. Do “Dan Jing” — dança tradicional com raízes que remontam às dinastias Tang e Song — à dança ritual “Shangyang”, de origem nos tempos de Shang e Zhou, práticas ancestrais carregadas de memória histórica brilham hoje em palcos contemporâneos, graças à inovação e à adaptação criativa.

O “Dan Jing” é uma das expressões culturais mais emblemáticas de Juancheng: uma arte popular que combina música e dança, surgida há mais de mil anos. Os artistas, equilibrando sobre os ombros suportes de pergaminhos sagrados, executam passos graciosos, num ritual que era tanto uma cerimônia religiosa quanto um pedido popular por bênçãos. Em 2009, o “Dan Jing” foi incluído no catálogo de Patrimônio Cultural Imaterial da Província de Shandong, marcando um marco importante na preservação cultural local. “Desde as pesquisas de campo até a organização dos materiais, nosso objetivo foi resgatar a forma mais autêntica do ‘Dan Jing’ para preparar o terreno para sua renovação”, relembra Guo Ling, vice-diretora do Centro Cultural de Juancheng.

Mas como manter viva uma arte tradicional na sociedade moderna? Em 2019, o Centro Cultural de Juancheng apresentou sua resposta: a criação do “Novo Canto do Dan Jing”. O novo espetáculo preserva movimentos clássicos, como o “passo em cruz” e o “salto em tesoura”, mas adota coreografias modernas e letras adaptadas à sensibilidade contemporânea. “Queremos expressar a tradição de maneira jovem, para que a arte antiga entre na vida das novas gerações”, explica Guo Ling. A adaptação não só conquistou o público local, como também virou um cartão de visita cultural de Juancheng para o mundo.

O caso do “Dan Jing” é apenas um retrato da renovação do patrimônio cultural em Juancheng. Outra joia local — a “Dança Shangyang”, inscrita como patrimônio cultural imaterial nacional — também passou por uma transformação impressionante. Essa dança ritual, originária das dinastias Shang e Zhou, enfrentava dificuldades de transmissão devido à complexidade de seus movimentos vigorosos e rituais solenes. Em 2018, a dança foi adaptada: os elementos tradicionais, como o “salto com um pé” e a “postura de tripé”, foram preservados, mas a estrutura do espetáculo ganhou narrativa e fluidez. No dia 14 de setembro do mesmo ano, a nova versão da “Dança Shangyang” subiu ao palco do Teatro Étnico de Pequim, encantando o público com a fusão entre a força primitiva dos movimentos antigos e os recursos tecnológicos modernos — e atraindo novos adeptos entre os jovens.

O caminho de inovação em Juancheng se equilibra entre preservar a essência (“manter a raiz”) e trazer novidades (“buscar o novo”). “Proteger o patrimônio imaterial não é simplesmente deixá-lo trancado em museus. É fazê-lo viver no presente e servir às pessoas de hoje”, afirma Wang Jianjun, diretor do Centro Cultural de Juancheng. Para isso, o município implementou um programa contínuo de formação de novos herdeiros culturais, promovendo centenas de cursos gratuitos por ano, além de integrar elementos do patrimônio imaterial em produtos criativos, turismo rural e outras áreas.

Quando a noite cai, a Praça do Povo de Juancheng se ilumina ao som do “Novo Canto do Dan Jing”. Jovens dançarinos, equilibrando os suportes nos ombros ao ritmo vibrante da música, desenham uma cena onde o charme da tradição se funde às luzes da modernidade. Como resume Wang Jianjun: “Fazer o patrimônio cultural ‘viver’ e ‘brilhar’ é a melhor homenagem que podemos prestar à história.”
Juancheng, essa cidade milenar, continua a escrever um novo capítulo para o seu legado cultural através da inovação.

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