
A cultura do galo de briga na China tem origens antigas, remontando ao período da Primavera e Outono e dos Reinos Combatentes. Um registro clássico do Zhuangzi já citava o treinamento de galos de briga para o Rei Xuan de Zhou, evidenciando a longa tradição dessa prática.
Em Juancheng, na província de Shandong, o galo de briga de Lu Xi, considerado o mais importante entre as quatro principais raças de galos de briga da China, carrega mais de dois mil anos de história. Segundo o Anuário de Chengwu, em 679 a.C., o Duque Huan de Qi construiu uma arena de lutas de galos ao sul do Monte Wenting para celebrar sua vitória sobre o Estado de Song, dando origem à tradição local. O galo de briga de Lu Xi, com seu bico curvo, pescoço alongado, pernas altas e corpo robusto, ganhou a reputação de “guerreiro supremo entre as aves”.
Em 2006, o galo de Lu Xi foi incluído na primeira lista de patrimônios culturais imateriais da cidade de Heze. O especialista Lu Jianda e sua equipe dedicaram décadas ao resgate e melhoramento genético da raça, desenvolvendo linhagens com alto valor ornamental e econômico. Hoje, a empresa Hongxiang Livestock mantém um plantel reprodutor de 50 mil aves e fornece anualmente cerca de 500 mil filhotes para todo o país, sendo o maior centro de preservação da raça.
Além do valor cultural, o galo de briga de Lu Xi também se destaca pelas qualidades nutricionais e medicinais. Testes comprovaram que a carne contém 18 tipos de aminoácidos, possui um terço da gordura da carne de frango comum e apresenta níveis de superóxido dismutase (SOD) 20 vezes superiores, oferecendo propriedades antioxidantes e antienvelhecimento.

Na medicina tradicional chinesa, a carne do galo macho é considerada tonificante, ideal para revitalizar o sangue e a energia vital, enquanto a carne da fêmea é recomendada para recuperação pós-parto e para pessoas debilitadas. Os ovos, com casca espessa e alto teor de gema e proteínas, conquistaram espaço no mercado de alimentos premium.
Com base em pesquisas científicas, Juancheng promoveu a padronização da criação do galo de Lu Xi, obtendo certificações de produto livre de agrotóxicos (2013) e de indicação geográfica nacional (2015). Atualmente, o setor integra toda a cadeia: reprodução, criação ecológica, processamento e turismo cultural, gerando 50 mil aves e 800 mil ovos comerciais por ano, beneficiando milhares de agricultores locais.
A influência cultural do galo de briga de Juancheng extrapolou fronteiras. Em 1987, o China Agricultural Film Studio lançou o documentário Galo de Briga, levando o tema ao cinema. Filmes como O Galo de Briga do Palácio e Confúcio também retrataram o espírito indomável da ave. Em 2021, a Shandong TV produziu um especial no programa Brisa Rural, exibindo lutas intensas que cativaram o público jovem e elevaram a visibilidade do patrimônio cultural imaterial.
A prefeitura integrou o galo de briga ao turismo local, criando o Festival do Galo de Briga, que atrai visitantes de todo o país. O evento originou produtos criativos como “banquete do galo de briga” e souvenires temáticos, estabelecendo uma conexão virtuosa entre cultura e consumo. “O galo de briga é mais do que uma tradição: é a chave para integrar agricultura, cultura e turismo”, afirma um representante do Departamento de Cultura e Turismo de Juancheng.
Para atender à demanda crescente, a indústria de Juancheng avança em inovação, com apoio da Universidade Agrícola de Shandong. Foram desenvolvidos padrões para manejo, prevenção de doenças e desinfecção, consolidando a base para a expansão e profissionalização da criação.
Da arena da era dos Reinos Combatentes ao moderno centro de inovação, a trajetória do galo de briga de Lu Xi em Juancheng é um exemplo de harmonia entre preservação cultural e inovação tecnológica. O espírito de luta da ave inspira o renascimento do patrimônio imaterial e impulsiona o desenvolvimento rural sustentável da região.
(Reportagem de Liu Qingqing)